A Freguesia da Pampilhosa é hoje a mais populosa do Concelho de Mealhada e uma das vilas mais promissoras da Região da Bairrada. Tendo a Serra do Buçaco como pano de fundo, a Pampilhosa desenvolve-se em duas áreas distintas que espelham também distintas épocas de evolução desta comunidade.

A origem do topónimo, data de 28 de Junho de 1117, e poderá vir do latim pampilium, que quer dizer flor amarela viva; ou de pâmpano, rebento de videira, ou de pampilho, vara comprida que termina em agulhão.

A "notícia" mais antiga de que, até hoje, há memória regista uma doação feita por Gonçalo Randulfe e seu filho Telo Gonçalves, senhores da "vila rústica" da Pampilhosa, ao abade Eusébio, do Mosteiro de Lorvão, no ano de 1117. A reforçar esta "notícia" podemos observar ainda hoje o edifício conhecido por "Casa Rural Quinhentista" e os celeiros que foram propriedade do referido Mosteiro de Lorvão.

Nestes celeiros eram guardadas as rendas dos foros cobrados à população local pela ocupação e usufruto das casas e terrenos de que o Mosteiro era possuidor. As fontes históricas revelam que a "casa rural" era a que mais azeite arrecadava no espaço compreendido entre-os-rios Vouga e Mondego. A dependência da Pampilhosa em relação às religiosas do Lorvão vai manter-se por longos anos, séculos mesmo, uma vez que o fim desta submissão só acontecerá no século XIX com a extinção das ordens Religiosas, em todo o país, no ano de 1834. A data de 1557 significou, para os habitantes da Pampilhosa, o ano em que o Bispo de Coimbra, D. João Soares, entregou a Igreja Paroquial, que se encontrava como anexa da Igreja da Vacariça, ao Colégio da Graça da cidade de Coimbra.

A integração da Freguesia da Pampilhosa no Concelho de Mealhada vai acontecer no ano de 1853, pelo Decreto de 31 de Dezembro, que impôs alterações nas áreas administrativas até então definidas, sendo esta localidade uma das menos povoadas. O desenvolvimento desta Freguesia que se orgulha do estatuto de "Vila Urbana", desde o ano de 1985, tem duas causas, dois pilares estruturantes, são eles: o estabelecimento do "nó ferroviário" com o início da construção da Linha da Beira Alta em 1879 e o dinamismo empreendedor das suas gentes. Os habitantes da Pampilhosa ouviram o silvo do primeiro comboio que fazia o percurso Lisboa-Porto, decorria o mês de Abril do ano de 1864, no entanto, só se iniciará a construção da estação ferroviária no ano de 1879.

Neste mesmo ano de 1879, iniciam-se os trabalhos de construção da Linha da Beira Alta, que ligaria a Pampilhosa a Vilar Formoso. No ano seguinte, Abril de 1880, rasgam-se os primeiros terrenos por onde irá ser traçado o ramal de ligação ferroviária á Figueira da Foz.

Desta forma se completará esta espantosa via de comunicação desde o mar Atlântico, que banha as douradas areais da Figueira da Foz, até à fronteira com a vizinha Espanha, tendo à Pampilhosa "saído em sorte" o papel de elo de ligação, de espaço de encontro entre os que chegam e os que partem. As facilidades de transporte permitidas pelo comboio tornam a Pampilhosa um verdadeiro pólo de atracção para os investidores, para os empresários e, consequentemente, para todos aqueles que procuram melhores condições de vida, que almejam a libertação dos campos de cultivo.

É ainda na centúria de oitocentos, mais precisamente no ano de 1886, que se instala a primeira de várias indústrias cerâmicas, de reconhecida qualidade, que aqui se vão sediar.

O crescimento populacional, económico e mesmo o enriquecimento cultural desta freguesia foi proporcional à prosperidade que se fazia sentir nessas unidades fabris, durante toda a primeira metade do nosso século XX.

O afluxo populacional à Pampilhosa e o aumento demográfico que se registou nesta freguesia explicam em grande parte o forte crescimento do parque habitacional da mesma.

Curiosa é a forma desse crescimento, na medida em que os operários e empresários ligados às Cerâmicas, ao Caminho-de-ferro ou às empresas de madeiras, não se misturaram com os habitantes da zona mais antiga "a Pampilhosa Alta" tendo preferido construir nos terrenos mais baixos, que ladeavam os trilhos do comboio.

Os elementos inventariados como de interesse patrimonial desta Freguesia da Pampilhosa reflectem nitidamente este percurso histórico, através das fontes situadas em profundo ambiente agrícola ou já em ambiente mais urbanizado como é exemplo a Fonte do Garoto, carinhosamente trabalhada pelo Mestre Teixeira Lopes.

Há uma característica que identifica a grande maioria dos habitantes da Pampilhosa: o profundo amor à sua terra natal perceptível no imenso orgulho com que a ela sempre se referem.
Este sentimento explica o surgimento de Grupos, de Associações locais que têm como lema a defesa intransigente de tudo aquilo que é tradição, cultura, património da Vila da Pampilhosa.

No fundo, o que estas associações pretendem é a perpetuação de uma memória colectiva que confere uma identidade bastante peculiar a esta freguesia do Concelho de Mealhada.

Pampilhosa foi elevada à categoria de Vila a 09 de Julho de 1985, estando geminada com a Comuna de Courcoury (França) desde o dia 14 de Junho de 1991.

Existe na nossa Vila, na Rua da Republica, uma palmeira considerada a segunda maior da Europa, "ex-libris" da Pampilhosa e do seu património.

http://www.jf-pampilhosa.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=10&Itemid=22


A história do cinema da Pampilhosa através dos seus programas

Hoje é possível reconstruir toda a história do cinema da Pampilhosa através de uma fabulosa colecção de programas de cinema de que é proprietário o Grémio de Instrução e Recreio, conhecido também pelo cinema da Pampilhosa. Possui igualmente outra documentação na área do cinema.
Grémio de Instrução e Recreio um nome talvez já fora de uso, é no entanto a mais antiga associação do concelho da Mealhada, fundada a 5 de Abril de 1906. Por curiosidade, a escritura desta associação foi feita no escritório do chefe da estação dos caminhos-de-ferro da Beira Alta, tendo como notário Francisco Vasconcellos, deslocando-se este a pé da Mealhada.
Por esta sala de espectáculos passaram ao longo de dezenas de anos, grandes companhias do teatro nacionais, para além de grupos de teatro locais. Uma actividade notável, cuja memória é necessário não esquecer.
A formação em 1924 de uma empresa cinematográfica, veio alterar o modo de utilização da sala, sendo o cinema a grande novidade, actividade que só terminaria em 1987, mas nunca deixando que o espaço fosse utilizado por várias manifestações culturais.
A colecção de programas de cinema de que esta associação é proprietária é do melhor que existe no nosso país. Tudo isto possível graças à paciência e organização dos dirigentes desta empresa cinematográfica.
O primeiro programa data de 23 de Novembro de 1924 e pelo seu simbolismo o consideramos o mais significativo. Deste programa que inaugura o “Cinematógrafo Eléctrico” da Pampilhosa, anuncia a exibição de oito soberbos filmes e deles destacamos “Beleza Angelical”, filme que marca o início da projecção de filmes nesta localidade. Tudo isto no tempo do cinema mudo. O ecrã era apenas do tamanho de 3 m por 2,4 m, mas isso não impediu de encher a sala. Os bilhetes mais populares eram apenas de oitenta centavos. O fornecimento de energia eléctrica era feito a partir da cerâmica Mourão Teixeira Lopes, já que nos primeiros anos a iluminação era a gás, produzido nas próprias instalações, existindo ainda vestígios desta época.
O programa de 5 de Julho de 1925 promete um sensacional espectáculo com a exibição de dois filmes, “Aviso na porta” e “Lágrimas de cavalo”, anunciando a inauguração de uma magnífica máquina cinematográfica, último modelo da “Casa Pathé”, com garantia da supressão absoluta da trepidação e uma projecção nítida. Um verdadeiro sucesso.
Da consulta de todos estes programas poderemos em 1927 assinalar a inauguração de uma grafonola “Pathé” que podia dar som à exibição dos filmes e entreter o público durante os intervalos, assim como a inauguração de um auto-piano no ano seguinte para os mesmos fins.
A 3 de Maio de 1931 chega finalmente o cinema sonoro à Pampilhosa, com a exibição do filme “Broadway”. Promete este programa uma inauguração sensacional, uma grande festa e grande arte.
Esta empresa cinematográfica levou o cinema a outras localidades. Em 1933 leva o cinema sonoro ao antigo teatro da Mealhada assim como ao Teatro Avenida do Luso e em 1935 ao Teatro de Anadia. Em 1938 inicia as exibições no casino da Curia. Todo o equipamento necessário era transportado por esta empresa. Estas exibições prolongaram-se por alguns anos.
No ano de 1964 chega o “Cinemascop”.
Esta empresa termina as exibições de filmes no ano de 1986.

http://www.jf-pampilhosa.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=44&Itemid=57



Impactos sociais, economicos , culturais, urbanisticos e arquitectonicos da industrialização 

A acção filantropica dos industriais da Pampilhosa, fez-se sentir com a construção de infra-estruturas para a população. É o caso do "Chafariz do Garoto", escultura do Mestre Teixeira Lopes inaugurada em 1916, a construção de Bairros operarios e a doação de matéria prima para a construção das suas habitações. A nivel do lazer, contribuiram igualmente para o desenvolvimento da terra.

Por exemplo, Germano Godinho duou ao Futebol Clube de Pampilhosa o terreno onde construiram o campo de futebol e os tijolos para os muros. Foi também um dos fundadores da Filarmonica pampilhosense, criada em 1920.

A radicação de familias dotadas de comportamento urbano e recursos financeiros, como foi o caso dos ferroviarios e dos quadros empresariais, levou a uma maior estratificação social. Esta vai sobrepor-se à estrutura local, havendo um choque inicial.

O facto de existir uma nova dinamica social na Pampilhosa, fez com que surgissem vários jornais locais. Os principais foram Madrugada (1911/1914), A Defesa ( 1923/1926), Caminho ( 1966/1969), e o Jornal do Centro ( 1969/1976).

Estas transformações tiveram também impactos culturais. Exemplo disso é a construção do Teatro Grémio de Instrução e Recreio de Pampilhosa. A escritura de construção da associação data de 5 de Abril de 1906. O notario veio da Mealhada a pé até à Pampilhosa e a escritura foi realizada no escritorio do chefe da estação de Caminho de Ferro da Pampilhosa. O terreno foi doado pelo dono do "Chalet Suiço", Paul Bergamin, ao senhor Lucio Oliveira , primeiro responsavel pelo Grémio. Para a sua construção foram lançados titulos de acções. O primeiro capital foi de 3 mil reis, divididos por mil e duzentos socios. Também neste caso, é de salientar a acção mecenatica dos industriais que contribuiram para a sua construção.As actividades iniciaram-se com representações de teatro e por aqui passaram grandes actores e grandes companhias da epoca. Era um local de passagem e de paragem obrigatoria devido à existencia da linha de caminho de ferro.

A nivel local, constituiu-se logo de inicio o Grupo Dramatico de Beneficiencia e Recreio da Pampilhosa. Seguidamente, veio o cinema, que apagou, de certa forma, o teatro, mas por volta de 1960 ganha novo folgo com o Grupo Cénico dos Amigos da Pampilhosa que representou várias peças e operetas. Aqui vieram varios grupos de teatro, como os de Tavarede, Mortágua e Coimbra ( Bonifrates).

O cinema começou a ser apresentado em 1924, mas a primeira sessão válida foi no di 25 de Junho de 1925 com o filme "Aviso na Porta" ( cinema mudo). O cinema sonoro iniciou-se em 1929. A Pampilhosa foi das primeiras povoações do Distrito a ter cinema.

O Gremio foi também muito utilizado pelos politicos para fazer campanhas eleitorais desde o tempo de Norton de Matos e para a realização de festas de Natal e de Ano Novo.

Este espaço era frequentado pela população do concelho da Mealhada e das zona envolventes. O projectista, Sr. Joaquim Pires, passou depois a deslocar-se com a máquina de projectar ás outras localidades.

Em 1990, o teatro foi encerrado na sequência de uma informação do delegado da Direcção Geral de Espetáculos, que não reconhecia condições para continuar em funcionamento. Apesar da informação para que fechassem o teatro, este ainda levou á cena uma representação de teatro em Março de 1990 a favor do Centro de Assistência Paroquial, pelo que lhe foi instaurado um processo pela DGAE que acabou por ser arquivado. Desde a data de encerramento do teatro que se começou a pensar na recuperação do edificio e o início das obras está previsto para breve. O espólio existente inclui, cartazes, documentos escritos, mobiliário, folhetos, fotografias, desenhos, bobines, máquina de projecção de filmes.

O movimento que o caminho de ferro e a consequente industrialização trouxeram para a Pampilhosa fez com que surgissem infraestruturas até então existentes, como é o caso do Chalet Suiço. Mandado construir em 1886 por Paul Bergamin, um emigrante Suiço que veio para a zona da Pampilhosa aquando da instalação da linha de caminho de ferro da Beira Alta, o edificio sofreu influencia arquitectonica do seu pais natal. Teve por finalidade a indústria hoteleira e chegou a ser residência real pois ali pernoitaram os reis de Portugal, D.Carlos e D.Amelia no quarto nº 12, quando vinham da capital para o Bussaco. O edificio sofreu alterações, pois a entrada principal era precedida por oito degraus e tinha frondosas arvores á frente.Hoje está enterrado cerca de 4 metros devido à elevação da estrada fronteira. Nas traseiras possui um terreno com anexos, onde se encontra a palmeira mais alta da Europa. Como já referimos, foi também Paul Bergamin que cedeu o terreno para a construção do teatro Gremio de Instrução e Recreio.

A nivel de equipamentos, há ainda a salientar a criação de escolas como é o caso da escola primária Tomás da Cruz, obra do industrial Joaqum da Cruz, inaugurada em 1923.

http://www.jf-pampilhosa.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=79&Itemid=88

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