Capela de São Joaquim
 

Situada no núcleo antigo da povoação e data do século passado.

É pequena, tem porta ogival, em cujo fecho se vê a data de 1904. Tem sacristia e torre construídas já no século vinte por Joaquim Baptista, que abriu também o oratório acima do altar onde se encontra a imagem do padroeiro.

Quanto a imagens, a actual do santo foi mandada executar no Porto, na segunda década deste século por Joaquim Baptista e Joaquim Maria Jordão. Possui ainda uma de Nossa Senhora dos Milagres, de S. João Baptista e Santa Teresa. A do padroeiro é a de melhor nível artístico; a da Senhora é tosca e primitiva e as outras correntes.

A primeira missa na capela foi rezada em 19 de Agosto de 1923, pelo arcipreste Francisco Ventura da Marmeleira do Botão.
A festa em honra do santo foi inaugurada em 18 de Agosto de 1918, por iniciativa de Joaquim Baptista e Joaquim Maria Jordão.

Em frente da capela situava-se o cruzeiro que hoje se encontra na Barrosa, termo do lugar.



Igreja Paroquial de Pampilhosa

A igreja que hoje vemos na freguesia não é a primitiva capela ou igreja onde, no século XV, já Santa Marinha era a padroeira. Sob o ponto de vista arquitectónico, não há nada no actual edifício que faça lembrar essa época, e há na freguesia pelo menos desde o século XVII um topónimo chamado igreja velha, onde foram encontradas colunas e restos de ossadas que podem apontar para o primitivo local de culto.
O actual edifício é de uma só nave, de teto apainelado de madeira simples, e a sua construção data do século XVIII
Baseando-nos em documentos escritos pensamos que ele deve ser pelo menos do século XVII, somos levados a tal conclusão pelo que diz respeito a instituição da capela do Senhor Cristo (conhecida hoje pelo Senhor d’Agonia) desta igreja. A documentação mostra que essa capela foi construída na igreja no século XVII.
Sobre a construção da igreja sabe-se muito pouco, os documentos deixam concluir que no século XVII, além do altar da padroeira, tinha apenas os dois altares laterais, - Nossa Senhora do Rosário, e o actual S. José, que era então o Santíssimo.
Foi também nesse século que se construiu na igreja uma capela, antecessora do actual altar do Senhor d’Agonia. A sua fundação deve-se ao padre Francisco de Andrade, natural de Pampilhosa, que no seu testamento de 1 de Dezembro de 1676 a instituiu, mandando-a construir no «corpo da igreja deste lugar defronte da porta travessa» em pedra de Ançã do tamanho da de Botão com três sepulturas. Desejava que se pusessem aí três imagens, uma de Cristo Crucificado, uma de Nossa Senhora, e outra de S. João Evangelista.
Estabeleceu a sucessão dos administradores da capela, dentro dos seus descendentes da linha da mãe ou na falta, da de seu pai, e na falta de ambas, passaria a administração da Confraria do Senhor da Igreja. Nomeou primeira administradora sua irmã, Ana de Andrade que cumpriu a sua última vontade e construiu a capela. Em 21 de Junho de 1688, por petição dela e do marido, Manuel Alves, o bispo de Coimbra, D. João de Melo, com conhecimento que a obra cumpria todos os parâmetros necessários concedia licença para se dizer aí missa e mandava o vigário da Vacariça que viesse benzer a capela e dizer a primeira missa. Por imposição do fundador, nela se deviam dizer perpetua e anualmente, duzentas missas, para isso dotava a capela de fartos bens.
Conhecemos ornamentos desta capela por um inventário do século XVIII. Possuía então: um cálice, patena e colher de prata, dois véus, três bolsas para guardar corporais, duas vestimentas, uma roxa e outra branca, uma alva e um cordão, um amito e um missal.
Neste mesmo século em data que não podemos precisar esta capela viria a sofrer alterações, resolveu-se construir uma outra capela em frente desta (actual altar de Santo António) e para que a obra ficasse mais perfeita ficando os altares debaixo do arco onde se celebravam as missas à vista de todos. Foi necessário alterar o traçado da capela do Santo Cristo, de côncava passou a mero altar incrustado na parede como hoje se apresenta. Pensa-se que nesse momento foi seu administrador o doutor Manuel Lopes de Andrade, da Lameira de Santa Eufémia e dotou a capela com «retábulo novo imagens e outras coisas». A capela foi abolida no século XVIII por provisão régia de 21 de Abril de 1773, alcançada pelo último administrador, o seu herdeiro José Joaquim Loureiro também da Lameira, pretendeu tirar todas as pertenças da capela conservando o direito às terras. No entanto o despacho do promotor foi-lhe desfavorável, ficando tudo para a igreja da Pampilhosa.


Capela da Vera Cruz


É a mais antiga das que se construíram na Freguesia. Conhecem-se referências da primeira metade do século XV. Não se sabe quando foi fundada nem por quem, os primeiros documentos referentes a ela são de 1427. Seria construída em pedra de Ançã com abóbada. Esta capela era considerada uma capela livre da Freguesia da Vacariça subordinada ao bispo de Coimbra sem qualquer relação com o Mosteiro de Lorvão A capela acompanhou as restantes instituições eclesiásticas da Freguesia da Vacariça na sua passagem para o Colégio da Graça em 1557. 

Por contrato de 22 de Março de 1643 foram ajustadas obras a realizar na capela. A capela, a sacristia e casa dos padres deveriam ser calçadas e argamassadas.

Esta capela foi desde o século XV lugar de atracção de gentes que aí faziam as suas oferendas, segundo informação paroquial de Pampilhosa, em 1721, muitas pessoas lhe faziam romarias por fazer milagres... Tinha duas procissões por ano, em 10 de Maio e a 14 de Setembro.

Capela do Senhor do Lombo


Foi erguida no decurso do século XVIII, no sítio do Lombo, a primeira planta era octogonal e situava-se mais acima do que a actual, no Freixo.

 Nos últimos anos do século XX  com a abertura da estrada foi necessário deslocar a capela.

É uma construção simples rectangular encimada por um óculo em losango formando recortes e vidraça em cruz, de vidro azul e branco. Termina no alto com cruz simples de braços arredondados.

Ao lado direito tem a sacristia, um pouco recuada e sobre esta o campanário, com sineta metida numa arcada formando moldura, que termina numa pequena cruz trilobado e ornamentada com duas pirâmides laterais.

Tem esta capela um só altar principal – do padroeiro – o Senhor dos Aflitos. É uma antiga imagem em pedra de Cristo Crucificado, século XVI, corrente. Tem ainda a imagem de pedra da Senhora da Ajuda, renascença graciosa século XVI, mutilada. É uma Virgem com o menino ajudando esta e levar a cruz. Há uma outra imagem em pedra bastante tosca, também de Nossa Senhora com o menino no braço esquerdo, segurando um pequeno globo, na outra mão a Senhora ergue um terço. Estas duas imagens estão colocadas no altar principal, ladeando a imagem do Senhor dos Aflitos.

Numa mísula à esquerda está a pequena imagem de Santa Luzia, em madeira. É mais recente mas anterior a 1872, onde aparece referenciada nos livros de «receita/despesa» desta capela. Ao lado direito está o púlpito, com a base em pedra e gradeamento em madeira. A porta principal é de madeira almofadada, o chão com lajes quadradas de pedra branca e negra, colocadas em simetria, provenientes da antiga capela, e lá colocadas em 1875, como se lê no mesmo livro.

Em 18 de Julho de 1900 dizia-se nela a primeira missa.

Tinha a sua festa feita pelos mordomos em honra e louvor do Senhor dos Aflitos com sermão e missa cantada.

Capela de Nossa Senhora de Fátima


Situada na Lagarteira é a mais recente capela da localidade, e acha-se ligada à expansão do século XIX. A sua construção data da década de quarenta do século vinte e a sua inauguração deve ter-se verificado em 1954.

A obra foi feita por subscrição popular mas teve como grandes dinamizadores o Padre José Pereira Torres e o casal António de Campos Tavares e Maria de Jesus de Campos Tavares.

A imaginária é deste século, à excepção do Cristo, que deve ser de finais do século XVIII, inícios do século XIX.

È a única das capelas onde se celebram actos de culto com regularidade.



Capela do Canedo


Santuário corrente do corpo e capela-mor, que deve datar do século XVII. Alpendre de pilaretes toscanos, sobre parapeito pleno. Campanário no vértice da empena. Púlpito à direita de pedra cilíndrico, assente em maciço de alvenaria.

Retábulo da renascença adiantada, do século XVII, de calcário; três nichos entre quatro colunas, caneladas, coríntias. Só a escultura do titular, S. Lourenço, igualmente pétrea do século XVII, é de melhor categoria, mas corrente.


O Retábulo


Na posse do industrial Sr. Francisco Júlio Teixeira Lopes, cravado numa das paredes externas de sua residência está o retábulo do Salvador, que Filipe Simões viu na capela da quinta de São João do Piolho, as Lages, junto a Coimbra.

É um baixo-relevo de pedra de Ançã pertence ao século XII. Mede: L. 1,24 m x A. 0,81 m. Na faixa central está o Salvador ressuscitado. A escultura das figuras é de baixo-relevo. O grande pórtico central é trilobado ou tricentrico na forma dos dois que adornam aquele baixo-relevo.

As laterais partem-se em duas, ficando na da esquerda Cristo crucificado e a deposição no túmulo, na da direita Cristo descido da cruz e o aparecimento a Madalena.

Esta curiosa antiguidade, parece ter vindo de um dos antigos conventos da Ponte, hoje destruídos (Convento de Santa Ana? de Santa Clara? de S. Francisco?).


Casa Rural Quinhentista 
 

Casa rural do século XVI, situada na parte alta da Pampilhosa, com escadaria exterior, balcão-varanda sobre pilares de pedra, sendo o celeiro que lhe é anexo de construção posterior. Possui vários compartimentos, uma enorme cozinha com chaminé e seus poiais de pedra ao gosto rústico e anexos correspondentes a uma casa de lavoura.

O celeiro anexo pertencia às freiras do Mosteiro de Lorvão, onde elas recebiam e arrecadavam as rendas dos foros, pagas em géneros. Quando pelo decreto de 30-05-1834 de Joaquim António Aguiar foram extintos os conventos e vendidos os seus bens, passou o celeiro para a Casa Melo. Assim, ampliou a Casa Melo as suas arrecadações, como a «casa das pias» que lembra a abastança com que esta família vivia, pois se considerava a casa que mais azeite colhia entre o Vouga e o Mondego.

Foi declarada imóvel de interesse Concelhio em sessão de 21-10-1980 da Câmara Municipal de Mealhada, tendo sido solicitada a respectiva classificação ao Instituto Português do património Cultural.


A Estação


Em 1878, a população da Pampilhosa ouviria apenas passar os comboios lá ao fundo, pois a povoação distava cerca de um quilómetro das linhas e não havia aqui um apeadeiro sequer.

A verdadeira influência dos caminhos-de-ferro só se vem a sentir em Pampilhosa por volta de 1879, com o início da construção do caminho-de-ferro da Beira Alta a que se seguiu, em 1880, o começo da linha Pampilhosa – Figueira da Foz.

Em 1880 foi construída a estação da Pampilhosa num local então designado por “Entre Silveiras”, onde, até a essa altura só existia uma linha e que ficava a cerca de um quilómetro da então Pampilhosa. Ao encontrar aqui a linha da beira Alta com a linha do Norte foram construídos os diversos edifícios dos caminhos-de-ferro da Beira Alta: Estação, Gares, Depósito de Locomotivas e o ainda hoje chamado “Cais Local” para mercadorias.

Só nesta altura passou a estação da Pampilhosa a servir também a linha do Norte e os seus comboios a pararem aqui.

A Pampilhosa passou, então, a ser o ponto de escala dos comboios da linha do Norte e ponto obrigatório de paragem e até estadia de todos quantos do norte ou do Sul demandavam as terras da Beira (ou vice-versa). Com o início das ligações ferroviárias a Espanha, no final do século XIX (1895), a Pampilhosa passou igualmente a ser o ponto de passagem e paragem obrigatória para quantos, nacionais ou estrangeiros, preferiam utilizar o novo meio de transporte.

Este movimento grande de comboios, com passageiros e mercadorias, obrigou à instalação de um ponto alfandegário. Em 1890 já existia e era seu chefe Alfredo Galeão.

Foi este movimento que deu origem às duas hospedarias da terra, no início do século XX: o Chalé Suisse e o restaurante da estação, ainda hoje existente.


O Chalet Suisso 


Nas proximidades da linha-férrea foram criados estabelecimentos de comércio diversificado, do ramo alimentar e hospedagem. No caso deste último, refere-se a construção do “CHALET” Suisso, em 1886, uma estalagem para os viajantes que, ao mudarem de comboio na Pampilhosa, ali tivessem que passar a noite (tratava-se de uma propriedade da empresa de construção civil “Bergamim, Lda.”).

Paul Bergamim, um suíço do cantão italiano, obteve concessão dos bares ao longo da Linha da Beira Alta e construiu no chamado Entroncamento da Pampilhosa a casa mãe, onde se instalou e criou condições para repouso e dormida de passantes ilustres. É voz corrente que o rei D. Carlos ali se deteve a retemperar forças gastas nas longas horas de comboio, que não primava, (logicamente), pela velocidade… pois andava, apenas, a 40 km por hora.

Dessa casa, “mini hotel”, há várias fotografias que permitem comparações entre o ontem e hoje!

O “chalet” de Paul Bergamim, ou Hotel Suisso, são nomes da mesma casa, que chegou aos nossos dias.

O “CHALET” Suisso também faz parte da história do caminho-de-ferro na Pampilhosa ; por isso, todos desejamos que se não degrade, não se altere… não se perca.

Cine-Teatro da Pampilhosa


O caminho-de-ferro contribuiu indubitavelmente para o progresso da Pampilhosa. A construção da linha da Beira Alta – Figueira da Foz / Vilar Formoso – com o entroncamento ferroviário em Pampilhosa, permitiu um surto de desenvolvimento de grande importância. Foram as fábricas de cerâmica e outras indústrias e armazéns que se instalaram nas proximidades do caminho-de-ferro. Foi a fixação de pessoas que vindas de outras terras, por aqui ficaram. E nesse aspecto, as gentes de Pampilhosa souberam ser acolhedoras. A comunidade soube abrir-se e aceitar todos aqueles que, por bem, se integravam plenamente. A prová-lo são os exemplos numerosos e flagrantes dados por aqueles que, vindos de fora, independentemente de aqui ficarem ou não, muito de si deram a esta terra. Ainda hoje se pode testemunhar as muitas, e diversificadas origens das actuais famílias Pampilhosenses. Praticamente de todo o pais, com mais incidência dos lugares próximos, da região serrana do Bussaco e do Baixo Mondego.

Todas estas pessoas vieram dar um contributo para uma evolução cultural e lógica miscigenação. Os industriais vieram em busca da matéria-prima: barro, pez e madeiras principalmente. Os ferroviários, esses conscientes que constituíam “um bom partido” com o seu razoável ordenado certo, por cá tentaram a sorte com as moças da terra.

A Pampilhosa era terra importante nesse tempo e as suas gentes eram tidas com muito respeito.

Talvez logo pelos começos da linha da Beira Alta, foi colocado na estação de Pampilhosa, um senhor de nome Lúcio de Oliveira e Silva que seria o chefe da estação A ele se deverá o aparecimento do teatro em Pampilhosa, e dele partiu a ideia da construção do teatro.

Joaquim da Cruz esse valoroso industrial e amigo desta terra, assim escreveu no jornal “ A Defesa” de 1 de Junho de 1924 «... Lúcio de Oliveira e Silva a alma mater do edifício que aí está e a quem se deve a ideia da sua edificação merece que a sua fotografia enfileire ao lado das que se encontram no salão, não só como dever de gratidão mas também como homenagem de artista e de caracter... A ideia partiu dele, nasceu dos improvisados teatros da cocheira das carruagens do caminho-de-ferro de da casa dos Vilanovas...»
Esta transcrição comprova que mesmo antes da construção do teatro, já essa arte era aqui representada. Os Vilanova tinham casa na Pampilhosa Alta mesmo junto à casa dos Melos, hoje a Casa Rural Quinhentista. Seria esta casa? 



 Os Cruzeiros da Pampilhosa
 

Na Freguesia de Pampilhosa, existem três cruzeiros do século XVIII, que eram utilizados para marcar o percurso das procissões em tempos de antanho. Estão localizados: um na Rua de Coimbra (1), outro na Rua da Filarmónica (na Pampilhosa Alta) (2) e o terceiro na Rua Fialho de Almeida (3).
 


   
Fábricas de Cerâmica da Pampilhosa 

Nos finais do século XIX, a Pampilhosa do Botão, povoação modesta e eminentemente rural, passa a sofrer grandes transformações como consequência da construção da Linha do Caminho-de-ferro da Beira Alta, em 1880, que partindo da Figueira da Foz, pretendia atingir a fronteira de Vilar Formoso, fazendo a ligação com a Europa. Na Pampilhosa encontrava-se esta linha com a do Norte, que partia de Lisboa com destino ao Porto, formando um entroncamento nesta localidade. Aqui se formou um novo núcleo populacional, o Entroncamento, pertencente à freguesia de Pampilhosa do Botão.
Estas linhas, percorrendo os campos baixos da Pampilhosa, atravessavam "os barrios" da Bairrada, barro vermelho que formava grandes barreiros, a despertar a atenção dos industriais. Matéria - prima, transportes e ligação aos mercados, davam azo ao surgir de uma indústria que viria a transformar esta terra num dos maiores centros industriais de toda a região.
Do Norte, mais propriamente de Vila Nova de Gaia vieram técnicos de cerâmica que fundaram aqui as suas empresas. Em 1866, António Almeida e Costa, empresário inteligente e dinâmico abre na Pampilhosa, a Filial da Cerâmica das Devesas de Vila Nova de Gaia e que foi a primeira grande unidade cerâmica a ser construída nesta localidade. Daí o ser conhecida por "Fábrica Velha".
Em 1902 funda-se a "Fábrica Teixeira" - Fábrica de Cerâmica Mourão, Teixeira Lopes", onde convém destacar José Joaquim Teixeira Lopes, oriundo também de Vila Nova de Gaia e que em França aprendeu os segredos do fabrico da telha marselhesa, que tanto êxito viria a alcançar no nosso país. Esta família Teixeira Lopes que tanto se notabilizou na cerâmica começou na Pampilhosa como obreira na unidade de cerâmica Fábrica Velha.
Em 1903 entra em laboração a "Fábrica Navarro", Cerâmica Excelsior da Pampilhosa, com a particularidade de ser a 1ª cerâmica a ser fundada por um pampilhosense: Abel Godinho, formado em Farmácia pela Universidade de Coimbra em 1883 e proprietário da Farmácia existente na localidade.
Abel Godinho, fundou a cerâmica, de parceria com o Engenheiro Ernesto Navarro, natural da região, mais propriamente da povoação do Luso. Ernesto Navarro fora uma das figuras proeminentes na política de então. Além de Ministro do Comércio fora director dos Caminhos-de-ferro do Estado e Subdirector Geral do Ministério das Colónias. Daí o chamar-se à Cerâmica Excelsior, a" Fábrica Navarro".
Da indústria de cerâmica se passou a outras e de tal maneira o progresso industrial se acentuou que na década de vinte se encontravam instaladas na Pampilhosa, três grandes fábricas de cerâmica, quinze fomos de cal, quatro importantes fábricas de serração, carpintarias, moagem, uma fábrica de resina, outra de produtos químicos, para além de oficinas de repicagem de limas e de fundição de metais, como também amplos armazéns de sarro, borras de vinho e adubos.
Como se vê, o Caminho-de-ferro atraiu a indústria e esta por sua vez alterou toda a organização existente.
Verificou-se um enorme afluxo populacional, com um apreciável número de trabalhadores ligado às ferrovias e ao ramo industrial e daí o aparecimento de um novo núcleo populacional, junto à Estação dos Caminhos-de-ferro, designado por Entroncamento.


Fontes da Pampilhosa


A Fonte do Garoto 


Situada no largo junto ao Mercado Municipal de Pampilhosa – a Fonte do Garoto – é um artístico chafariz, encimado por uma escultura em bronze da autoria de Mestre Teixeira Lopes – o notável escultor de Vila Nova de Gaia.

Esta fonte bastante original representa um rapaz do povo a despejar uma ânfora, colocada a meio do tanque do chafariz público.Mestre Teixeira Lopes, pôs nesta obra toda a sua fina sensibilidade de escultor de crianças – e o garoto humilde, o pequeno operário de outrora, está aqui fielmente representado.

Foi este chafariz inaugurado em 1916, tendo nessa altura uma configuração diferente:A escultura do garoto estava colocada sobre um plinto de calcário branco, com um pequeno tanque em frente, para onde tombava a água.

Actualmente o tanque é maior e circular, assentando sobre os três degraus que o rodeiam, e tendo ao centro sobre o plinto a estátua do garoto.Conta a família do escultor, que este ao receber a encomenda do fontanário, idealizou para ele a escultura de um rapazinho.

Vivendo em Gaia, foi até à zona ribeirinha do Porto à procura do modelo ideal. Aí avistou um pequeno operário, que distribuía a água aos carvoeiros. Falou com ele, e conseguido o seu intento, combinou com a mãe do pequeno, que este iria posar para ele no seu atelier de Vila Nova de Gaia.

Qual não foi o seu espanto, quando este lhe aparece de fato domingueiro, e sem a indumentária característica do pequeno operário que idealizara, e que viria a imobilizar no bronze deste belo chafariz.

A escultura tem verdade e encanto, que atestam o cinzel de um grande mestre! 



 Fonte do Melo


Desde os tempos mais remotos que as populações se instalaram perto de cursos de água, como é sabido, ou então procuraram captá-la onde ela brotasse, para seu uso.

Surgiu assim a fonte, que é uma instalação rudimentar ou arquitectónica, especialmente feita pelo homem para aproveitar e distribuir a água que dali corre, para beber, para recebê-le em tanques, vasilhas, para lavagens ou regas.

Aconteceu o mesmo em Pampilhosa onde as fontes tiveram um papel importante. Algumas ainda conservam a sua função, outras ao longo dos tempos têm desaparecido, e são ja só uma lembrança na menet das pessoas mais antigas…

Mas, também as fontes têm o seu papel social. Ia-se á fonte buscar água mas também para conviver, conversar, contar as novidades enquanto se esperava o encher do cântaro; e ao domingo os namorados acompanhavam as moças, e aí se quedavam em conversa amena por largo espaço. A Fonte do Melo é uma das fontes mais recentes.

Em todos os tempos a água foi sempre uma das maiores necessidades das populações, e sobretudo a água potável, própria para consumo, que a população da Pampilhosa durante séculos teve que ir buscar longe, pois a terra situada em terreno calcário, não tinha dentro do lugar, senão fontes de água salobra.

No intuito de suprir essa falta, propuseram-se Albano Ferreira Christina, no tempo presidente da Junta de Freguesia de Pampilhosa, e o industrial Joaquim da Cruz, grande amigo desta terra, a exercer a sua influência junto do grande proprietário de então, Joaquim Jose de Mello, obtendo a concessão de trazer graciosamente a água de um abundante nascente situada na sua propriedade junto ao pinhal da Gândara. Essa água, nascida em areia- é uma água fina, saborosa, potável e própria para consumo.

A Fonte inaugurada em 1925, veio beneficiar grandemente a população da Pampilhosa, já de si tão carenciada deste liquido- pois, por vezes em época de Estilo chegava a faltar… No seu aspecto é uma fonte simples, sem primores de estilo.

Compõe-se unicamente de um arco cavado de volta inteira formando nicho, feito em cimento imitando cortiça, encimado por um pequeno brasão com as iniciais C.M. ( Câmara Municipal) e uma lápide com o nome de « Fonte do Melo», que ficou a perpetuar o nome do doador. É da autoria de Joaquim Vitorino, um artista desconhecido, da Pampilhosa.

Para trazer essa água desde a Mina até ao lugar da fonte em boas condições de salubridade, foi construída uma conduta de manilhas de grés – ( mais tarde em fibro-cimento) – e que veio substituir as antigas caleiras descobertas que outrora a traziam da nascente, para regar a Quinta do Melo.

Esta conduta atravessando a chamada Terra do Linho, da mesma família, vinha passar o Rio Certoma á Ponte de Pedra, e seguia por um aqueduto, de arcadas desiguais, até junto do lugar.

Este aqueduto que tem a data de 1923, avista-se de longe e corre ao longo da Quinta Melo, dando á paisagem marginal do Vale do Certoma, uma nota diferente.



 Fonte D'Aqui


As fontes eram outrora uma necessidade vital para as populações e a sua origem, seria o aproveitamento das nascentes naturais perto do seu "habitat". Por esse motivo sendo a Fonte D’Aqui uma das mais antigas do lugar, pouco se conhece da sua história e construção. Fica situada na parte alta da Vila, onde se situam as mais antigas habitações do lugar. Está ao fundo de uma encosta de oliveiras e, em sua direcção, seguem dois caminhos, que terminam em lanços de escadas, um de cada lado da fonte. A sua configuração é de uma fonte de mergulho, composta de um tanque onde nasce a água, a qual borbulha clara e límpida entre as pedras do fundo; mas, sendo de natureza calcárea, embora fresca não é de sabor agradável.

A fonte é coberta por um poial de pedra, onde as mulheres poisavam os cântaros ou os canecos, para se ajudarem ou esperarem a sua vez. Em frente existia um outro poial mais largo, para o mesmo efeito, delimitado por um pequeno murete. É uma fonte muito antiga e não há memória de a sua nascente secar. Durante séculos abasteceu a povoação para os seus usos domésticos. De la vinha água para cozinhar, lavar as casas e para fazer água-pé no tempo das vindimas, sempre acartada á cabeça das mulheres, em equilíbrio sobre uma rodilha.

Hoje, com o progresso e a boa água canalizada que a vila possui, deixou de ter a serventia de outrora e encontra-se, por esse motivo, bastante degradada. Como fica funda, a descida para a fonte faz-se por dois lanços de escadas de 6 e 9 degraus cada um. As sobras dessa água correm para um tanque ou depósito que lhe fica defronte e ja dentro da Quinta do Melo que por esse motivo, se chamava Quinta da Fonte – nome por que foi conhecida até ao século XVIII.

O nome de Fonte D’Aqui caracteriza bem a sua proximidade do lugar pois, na encosta da Brejoeira, para lá do rio Certima, existe outra fonte de mergulho, também bastante antiga, chamada – Fonte d’Além por oposição a esta que ficava perto. Aqui fica, portanto, mais uma achega para recordar o que foi a vida de outrora na Vila de Pampilhosa. As fonte foram sempre um motivo de inspiração dos nossos poetas. Locais eleitos pelos conversados para ponto de encontro e de namoro, ou de simples conversas com quem se encontrasse. Ir á fonte era útil a que se juntava o agradável, principalmente para os jovens de outros tempos. As nossas fontes foram cantadas na representação de um "Entremez", realizado nas Covas da Baganha, em 1945.



 Fonte das Poças


No cabeço onde está situada a parte alta da Pampilhosa, e na encosta voltada a norte, existem várias nascentes que certamente ao longo dos séculos, iam depositando ao fundo da encosta a água que delas corriam, formando poças. Daí, ser este sitio conhecido até hoje pelo nome de "As Poças". A população da Pampilhosa no sentido de aproveitar essa água, canalizou-a para uma bica; - usando umas condutas um tanto primitivas, que há poucos anos ainda existiam, e que se limitavam a um leito em pedra com uma laje por cima – o que nessa época distante, seria o único processo que existia para tal fim. Assim as canalizações convergindo para uma bica, formaram a fonte que tem o nome de " Fonte das Poças".



Esta fonte fica situada junto de uma das estradas principais, que sobem atá á parte alta da Vila. A água da fonte corre para um tanque de pedra, e que servia outrora para dar de beber aos bois de trabalho, que antigamente todos os lavradores do lugar possuíam. Ao lado tem um largo poial, onde as mulheres que iam á fonte poisavam os canecos enquanto esperavam a sua vez, e também servia para ajudar a colocá-los á cabeça. Em 1879, (a data mais antiga que aparece numa pequena lápide), foi certamente remodelada, dando-lhe então o aspecto com que ficou durante todos estes anos. Mas por se encontrar degradada em 1937 a Junta de Freguesia procede a obras de restauro, deixando memória do facto numa outra lápide incrustada na parede da fonte.



Entretanto com o tempo, e sem ter tido novos restauros a fonte encontrava-se bastante degradada, e com um aspecto de abandono, a requerer uma intervenção que a tornasse mais agradável á vista, como um pequeno monumento rústico a recordar os nossos antepassados. Assim em 1996 com autorização da Junta de Freguesia de Pampilhosa, Maria das Dores de Sousa Christina tomou a iniciativa de a restaurar. Para esse efeito foi forrada de azulejos, com uma reprodução de um padrão de século XVIII, e colocadas as antiogas lápides em lugar de destaque.

A água desta fonte é calcária, não é portanto gostosa para beber, mas é abundante, correndo sem interrupção quer de inverno ou de verão num manancial inesgotável. Tem uma propriedade interessante: coze muito bem os legumes deixando-os com uma bela cor verde. Também é tradição na terra que ela tem propriedades medicinais – O que desconheço – mas que se poderá comprovar com uma análise apropriada. Quando do seu ultimo restauro, a Junta de Freguesia de Pampilhosa, alindou o local, mandando plantar um canteiro de flores, que dão uma certa beleza ao sítio tornando-o mais cativante e agradável.


 
Escola Democrática da Pampilhosa 
Em 20 de Abril de 1911 o jornal «Madrugada» de que era director o jovem industrial Joaquim da Cruz, publica nas suas colunas a primeira listagem de «Donativos para a Escola Democrática da Pampilhosa» num total de 92.750 reis. Ofertas de cidadãos de varias localidades e ainda de alguns Pampilhosenses. Em 01 de Maio de 1911 os donativos recolhidos e tornados públicos atingiam já a importância de 140.050 reis, provenientes de varias ofertas. Numa outra lista divulgada dez dias depois, passava o montante dos donativos para 164.050 reis. Em 23 de Maio ainda em 1911 é organizado um espectáculo no teatro de Pampilhosa cuja receita reverteu a favor da Escola. Não foi possível, contudo apurar o montante. A empresa «Tomás da Cruz & Filhos» ofereceu o terreno para a escola e parte das madeiras e as fábricas da telha ofereceram a telha e o tijolo necessários. A 23 de Março de 1923 era inaugurada e entrava em funcionamento a Escola Democrática da Pampilhosa. Um nome, contudo, ficou indelevelmente ligado à Escola, o do Professor Firmino Brito da Costa, que foi o primeiro professor e tanta geração de Pampilhosenses preparou para a vida. Após inauguração da Escola mantém-se em actividade uma comissão constituída como «Grupo de Amigos da Escola Democrática Tomás da Cruz» que «é constituída por sócios beneméritos efectivos, que muito tem contribuído para o desenvolvimento da educação e instrução populares.
http://www.jf-pampilhosa.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=14&Itemid=26
 

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